Bem, eu já falei um pouco do meu universo escolar, falei da tentativa dos meus pais de me colocar em um colégio particular e que me rendeu uma passagem direito para o Sylvia Martins Pires a escola que meu pai trabalho por quase 35 anos e que minha mãe era secretário do MOBRAL além do meu tio ter se tornado o inspetor de alunos. Expliquei um pouco como foi que conheci o Master System na casa do meu amigo Valter e outras coisas mais nos diários 13 e 14, mas não falei muito sobre o dia a dia. Bem, em 1987 na metade do ano eu fui transferido para o Sylvia lá na Vila das Mercês, aonde fui colocado em uma turma que já se dava super bem e eu me senti como um intrometido tentando se enturmar.
Lembro que no dia que cheguei e fui apresentado a turma, um professor faltou e era uma aula dupla e os colegas já estavam jogando STOP, jogo que nunca fui apresentado e tive grandes dificuldades para aprender, fazendo a galera perder um bom tempo me explicando e já senti que não agradei por isso. Bem, nessa turma, não existia uma alma viva que curtia games então falar sobre isso era bem difícil e em 1988 foi a mesma coisa, poucos falavam de jogos eletrônicos na minha sala ao lado conheci um carinha que seria meu parceiro dos fliperamas por todo o ginásio o Marcos, que mesmo não estando na mesma sala que eu, sempre parava para contar as novidades que chegavam ali na região e foi um ano incrível.
Era essa parcerada que rolava comigo e o Marcos na época
E conheci muitos jogos a lista é gigante e o que ajuda a relembrar de alguns são as datas de lançamento dos jogos um deles que tem um certo valor sentimental e o primeiro Street Fighter que o Marcos me fez questão de levar na rua da casa dele aonde tinha um bar que também era uma mercearia, se não estiver enganado e ele me apresentou ao jogo. Bolinha, soco da vitória e helicóptero era o que ouvíamos ali. O primeiro Street Fighter todos sabem que não fez sucesso, mas o Marcos jogou muito e eu também que muitas vezes ia no fim de semana, precisamente no Sábado só para passar o dia jogando jogos com ele.
O lance de poder entrar com o segundo jogador que sempre era o Ken nos ajudava a finalizar o jogo, pois se notássemos que íamos morrer o outro entrava contra e disputávamos e quem ficava continuava jogando, o que divertia bastante, mas se me perguntar como saia os golpes, acho que ninguém sabia na época e não é à toa que o Shoryuken era chamado de soco da vitória, se pegava no canto era adeus para mais da metade da energia do adversário. Twin Cobra também era outro jogo dessa época, que encontramos em um bar na avenida nossa senhora das mercês e como também, rolava um cooperativo, foi batata, passávamos direto naquele bar depois das aulas para jogar algumas fichas e era impressionante, pois o Marcos era uma das poucas pessoas que eu jogava de boas, tanto que a gente era parceiro no crime, eu passei a ir a pé para a escola, mas o passe rendia de 4 a 5 fichas dependendo do lugar e lembrando que ficha Taito era uma benção pois dava para pegar 10 fichas no bar e jogar no fliperama que era mais caro, mas tinha que fazer o esquema de comprar algumas fichas e o Marcos e eu tínhamos nossa cartilha.
Pra quem não conhece essas são as famosas fichas e que foram quase que um padrão
Se um estava meio durango o outro disponibilizava as fichas para outro e por muitos anos foi esse convívio, claro que acabamos encontrando muito mais jogos e tínhamos um sistema que acabei aplicando por muito tempo. Ao sair da escola, escolhíamos uma avenida e seguíamos por ela para encontrar novos jogos e nem era muito difícil de isso acontecer, pois cada bar, padaria e outros estabelecimentos tinham uma ou duas maquinas e fui muita caminhada, chegamos a ir até o Pq Bristol e Jd. Maria Estela fazendo isso.
Tanto que o Marcos não era o único que me acompanhava nesses rolê, meu primo Marcelo também foi meu parceiro de jogatina, naqueles dias considerava ele o meu melhor amigo, assim como o Marcos também foi, mas nunca cheguei a declarar isso para ele, talvez eu tenha dito algo, mas sinceramente eu não lembro. Lembro de falar com meu primo e nomeá-lo assim. Mas bem, ele também seguia esses passos que criei com o Marcos, mas nosso rolê era diferenciado indo para os Shopping´s, pois PLAYLAND era como um paraíso de jogos para qualquer moleque da época.
Era um vislumbre chegar em um Shopping e ver esse logo
E agora eu não vou lembrar qual foi o Shopping, mas tenho certeza que conheci em algum deles o jogo Thunder Blade, sim aquele famoso que literalmente era o Trovão Azul que ganhou filme e seriado que passaram no SBT. Era uma cópia descarada, mas na época na minha ânsia por jogos nem queria saber. Tanto que jogamos a versão do COCKPIT e era uma sensação incrível sentir a máquina se movendo, balançando para os lados ao fazer os movimentos, fora o som, que ficava atrás da cabeça, dava uma sensação de imersão que nunca vou esquecer, mesmo morrendo rápido e gastando duas fichas, que não eram baratas eu prometi para mim mesmo jogar todos os jogos nesses gabinetes enormes. E ainda tenho muitas histórias, mas eu preciso voltar um ano, eu falei do Double Dragon no diário passado, e o quanto ele foi para mim uma epifania para mim, me fazendo se apaixonar pelos jogos eletrônicos.
Então preciso falar de mais alguns e principalmente lá da Praia Grande e o Big Boy, tem alguns amigos que fiz ali e muitos jogos para compartilhar então até o próximo diário de um jogador.