Bem, antes de iniciar eu já tenho que dizer que não é apenas uma repetição do texto anterior, mas na verdade faz todo o sentido, já que minhas notas até a metade do ano eram menores que 4. Por conta disso, meus pais resolveram me tirar do Colégio São Paulo e me colocaram no Sylvia Martins Pires, Colégio da Prefeitura de São Paulo do qual meu pai foi diretor por 35 anos. Já estava aposentado, mas minha mãe era secretária do MOBRAL, meu tio era o inspetor de alunos e, claro, todos os professores, serventes e pessoal da escola sabiam quem eu era, o filho do diretor, mesmo ele tendo se aposentado, a sombra dele ainda pairava sobre minha pessoa. Mas vamos começar essa bagaça!
Infelizmente eu me sentia meio estranho por estar na sombra do meu pai
Lembro bem do esporro pelas notas baixas e por meus pais estarem gastando um dinheiro que eu não estava aproveitando e, realmente, parando para pensar hoje, era um lugar que tinha atividades variadas, com esporte, brincadeiras (pulei muita corda lá), além das leituras, conforme contei do meu desabrochar com as HQs. Então, nas férias, meus pais me retiraram daquele colégio e nem preciso lembrá-los de como foi meu primeiro dia naquele colégio. E imagine que eu já estava todo nervoso de ir para um colégio novo, imagina no mesmo ano entrar em outro colégio e – pior – eu já tinha feito amigos, tanto que tinha um colega de classe que (me desculpem, eu não lembro o nome) era fanzaço de Comandos em Ação e eu nem curtia também, porém o problema é que tanto eu quanto ele curtíamos os COBRAS: nunca fui fã dos heróis, como eu mesmo já contei no diário anterior. Doutor Destino para mim era o verdadeiro herói de SECRET WARS, então os COBRAS, mesmo sendo considerados maus, por que eu deveria odiá-los? Eles eram mais interessantes, tinham um propósito e por que não conquistar o mundo?
O grito de guerra era: “COBRA”
Voltando ao que importa, lá estava eu, começo de agosto indo para uma nova escola e, claro, com o coração na mão. Lembro até hoje quando minha mãe desceu a Dom Villares sentido ao colégio que eu já conhecia, pois todo evento, viagem, passeio, fanfarra eu estava presente com meu pai ou minha mãe, mas meu medo era mais do desconhecido, porém eu ia rever isso em breve. Lembro de chegar e não entrar com os outros alunos, minha mãe fez questão de entrar comigo pelo portão principal e, claro, muitos alunos na rua esperando para entrar sacaram, né. Fui levado à minha sala depois de tocar o sinal e todos já estarem em classe. Aí chego eu, aluno novo, numa sala que já havia começado e para melhorar tava sem aula, pois o professor ou professora não veio no dia e o pessoal estava jogando STOP. Aquele joguinho que o pessoal fazia para passar tempo na escola, mas eu nunca tinha jogado e ninguém se importou em me ensinar, mas claro que a inspetora de alunos fez questão de que eles me incluíssem na brincadeira. Pronto, já vem a ótima impressão de alguém que chega depois, novo na escola, favorecido por ter parentes trabalhando lá e pior de tudo não manjava do jogo que eles já jogavam desde o começo do ano, deixando claro que eu era um estranho no ninho.
Acho que nem todo mundo jogou STOP, né?
Mas deixando essas péssimas recordações de lado, já fui tentando ver quem jogava videogame e poucos na minha sala se interessavam ou tinham consoles ou jogavam algum jogo eletrônico, tanto que isso foi sempre algo que me perseguiu até a oitava série, eu era ainda pior que a escória da escola, por curtir games. No final, algumas amizades que prevaleceram, amizades que não eram escolares, mas passariam a ser e depois por conhecer um console que me marcou muito devido à CONSOLE WAR. Fora a melhor locadora, onde aluguei jogos incríveis e, claro, os fliperamas. Todo barzinho e padaria que eu descobri com jogos incríveis. Acredito que agora começou a minha fuga para os jogos, talvez tenha sido a bolha que escolhi para me defender da vida meio amarga que vivi ao longo dos anos que seguiriam e agora vou dividi-los com vocês. Então em breve vão conhecer uma nuance da minha vida que não costumo falar tanto, mas que acho que será importante para mim – não que minha história seja a mais importante, não tenho síndrome de Luke Skywalker, onde um filme se desenrola e eu sou o protagonista. Tanto que sempre me senti como um antagonista, nunca fazendo as coisas direito ou incomodando muita gente. Bem, aguardem para mais no próximo diário.