Recentemente a NETFLIX disponibilizou o anime Cavaleiros do Zodíaco e como eu assisti na época e tenho aquelas lembranças maravilhosas desse anime sai assistindo durante uma madrugada dessas vários episódios, claro que pulando para alguns que tem aqueles cenas que mais me marcaram. E existem várias, a do Hyoga derrotando um dos cavaleiros negros que roubaram uma das partes da armadura de sagitário, o cavaleiro de fênix, Ikki, humilhando dois cavaleiros de prata e o Seiya cortando o chifre de do cavaleiro de touro, Albebaran.

Mas acredito que você já deve estar se perguntando o que isso tem haver com videogames, já que aqui nessa página e no meu canal do Youtube eu trato exclusivamente. Mas pior que acabou fazendo sentido em um episódio especifico, quando os cavaleiros de bronze chegam na casa de gêmeos e são lançados para outra dimensão. Ali Hyoga cai na casa de libra aonde tem um encontro com seu mestre Camus de aquário.

Nada melhor que relembrar de um dos animes que me fizeram cair nesse universo

Mas é daí o que isso tem haver com algo referente a games? Pra mim tudo. Recentemente eu vendi boa parte dos jogos que levaram anos para que eu coleciona-se, mas não foi algo planejado, eu não fiz isso apenas para obter lucro ou ganhar uma gaita nesse momento aonde várias pessoas passaram a colecionar de forma ensandecida. Pagando verdadeiras fortunas em jogos considerados raros em alguns nichos desse universo gamer.

Pra mim realmente algo se perdeu com o tempo, algo já não estava tão certo como antes. Eu em um primeiro momento comprei os jogos de várias locadoras que estavam fechando na época, aproveitando os ótimos preços e minhas facilidade em trabalhar e não ter gastos adicionais, já que vivia na casa de meus pais. Porém depois de um tempo, eu me vi com muitos jogos, muitos consoles e me considerei um colecionador, mas eu estava longe disso, conheci verdadeiros colecionadores, que tinham centenas de itens a mais do que eu.

Alex Mamed o maior colecionador de videogames do Brasil

Mas mesmo assim, usei esse título por um tempo. Mas a coisa foi mudando, acabei caindo nesse universo mais a fundo, participando de fóruns e grupos no falecido ORKUT, até chegar aqui nesse momento aonde, com um canal no youtube eu passei a me auto intitular de gamer e criei um quadro chamado colecionando memórias, aonde passei a mudar a alcunha de colecionador para colecionador de memórias e talvez isso que me fez mudar.

Pois passei a ver todos os sentimentos e memórias que alguns momentos que vivi e jogos que joguei. Alguns muito bons e outros nem tanto, mas todos haviam ficado no passado e a confirmação em fazer um vídeo para falar disso, passou a me sentir como Hyoga na casa de libra que confrontado por seu mestre, ouve palavras ásperas dizendo para desistir e fugir ou ficar e lutar. E para tal ato o cavaleiro de aquário, pede para ele deixar certos sentimentos de lado e esse se recusa. E ai que a coisa começa a complicar.

Ele não conseguia se despedir de sua mãe

Ele pergunta a Hyoga de sua mãe, já mostrando que sabe que o corpo dela está sobre a barragem de gelo na Sibéria e ele pede para que o cisne feche os olhos e se despeça dela, pois logo em seguida, com um dedo ele lança um tipo de raio de energia que viaja até lá destruindo a base na montanha aquática que mantinha o navio que naufragou com sua mãe. E acredito que todos sabem que o Hyoga só se tornou um cavaleiro para conseguir quebrar o gelo e poder reencontrar sua mãe que estava congelada em seu leito de morte.

Mas ele vê o navio afundando ainda mais nas profundezas escuras do oceano e ele sabia que não conseguiria mais alcançar ela e o desespero tomou conta dele. Sendo confrontado novamente a esquecer daquilo ele diz que não consegue, por ser algo muito importante para ele, vendo aquele flashback de sua mãe ao longe, se despedindo dele no navio que estava prestes a afundar. E se for ver por um tempo eu era o Hyoga, que não queria perder aquilo que acreditava ser tão importante.

Hyoga sem entender a maior lição de seu mestre

E que estranho se formos pensar em alguma analogia, mas eu me despedi da minha mãe já faz mais de 20 anos, ela também foi muito importante para mim, mas de certa forma eu me apeguei aos meus jogos, coloquei eles num patamar não maior, mas de forma que me ajuda-se a superar a perda. Mas claro não foi só isso, a ideia de reviver essas memórias me fez ver que muitos deles estavam parados à anos. Sem que eu os joga-se, já que para os consoles Mega Drive e SNES eu tinha adquirido os EVERDRIVE´s de cada console. Me fazendo jogar eles sem a preocupação de colocar os devidos jogos neles, me facilitando a jogatina, mas como falei isso é apenas uma das coisas que me levou a pensar nos rumos do que eu chamava de coleção.

E voltando um pouco para os cavaleiros, Hyoga é derrotado por Camus que chora ao perceber que aquele cavaleiro era tão sensível e humano, que ele preferia derrota-lo a ver outro cavaleiro de ouro fazer isso e humilha-lo como mestre. E esse fez uma esquife de gelo para que ele nunca fosse esquecido, mostrando que ele também guardava certos sentimentos, mesmo tentando apagar os sentimentos do seu pupilo a força. Mostrando que todos nós temos nosso momento Hyoga, nos prendendo a sentimentos do passado, que nesse caso são os jogos que tanto jogamos e amamos.

Parte da minha antiga coleção de jogos, hoje já bem reduzida

Mas sei lá, a minha questão do desapego foi devido a união de vários fatores, a minha reflexão sobre a forma que eu via tudo aquilo, fazendo vídeos sobre os itens que me pertencem, a questão da jogatina que hoje, valorizo mais a chance de jogar bons jogos do que te-los parados na estante, a morte do meu pai que me fez ver muitas coisas que eram dele e que ele guardava tanto, mas que com o tempo acabaram largadas por ele mesmo, por falta de tempo e talvez a decepção de não saber mais o que fazer com aquilo.

Eu já havia comentado em LIVE, mas foram uns 120 kilos de tralhas que levei junto a um amigo para um ferro velho e ainda assim tinha muitas coisas dele, ainda tem pela minha casa. E doeu muito levar aquilo até lá, parte minha queria chorar, outra parte queria se livrar logo daquilo, mas me fez pensar no quanto ele juntou coisas e no fim, não fazia mais sentido pra ele e acabou resumindo o final da vida dele em eu e minhas irmãs estarmos jogando fora parte da sua vida, de sua história, algo que devia ter tentado preservar mais que eram suas viagens de pescaria.

Meu pai adorava uma boa pescaria, quando isso acabou, aos poucos ele sofreu muito

Mais de 200 fotos de lugares lindos, peixes enormes e vários momentos com amigos, sorrindo e se divertindo perdidos naquele monte de tralha que jogamos fora, tudo perdido para sempre sem que ele possa contar mais sobre aquilo tudo que viveu e tentei algumas vezes fazer ele me contar mais sobre as fotos, sobre suas viagens queria criar uma página no facebook e contar uma história por dia de uma foto que pegaria aleatoriamente, para preservar aquilo, já que no meu canal minha intenção está sendo essa, preservar o que me foi importante, seja com memórias, histórias e claro os videogame da forma que vivi.

Mas não consegui isso, tinha meus problemas de comunicação com meu pai, não só culpa dele, minha também, quem não tem problemas não é mesmo. Acho que esse foi o fator mais importante que me fez ver que não quero deixar peso que eu mesmo carregava, que só fazem sentido para mim, não para meu filho. Acho difícil ele ver da mesma forma que eu vejo os videogames, meu filho terá a vida dele e nunca obrigarei a trilhar meus caminhos, por isso que quando chamam ele de herdeiro eu sempre digo que não será bem assim. De qualquer forma eu estou me desapegando dos jogos de minha coleção a maioria que conseguir passar para frente.

Mesmo meu filho adorando games, quero que ele trilhe seu próprio caminho

E nem precisa perguntar valores pois já tem alguém que comprou tudo então, não precisa mandar mensagens para saber sobre algo, pois já não deve ter sobrado nada quando vocês lerem isso aqui. Mas como falei o episódio dos cavaleiros me fez ver o quão preso a sentimentos do passado eu estava, por isso que meu pai brigava até pouco antes de falecer comigo sobre videogames. Claro que dentro do meu âmago sempre quis que ele visse aquilo com bons olhos, mas nunca tive isso dele. Não que ele odiasse os videogames, mas talvez ele estava fazendo o mesmo que Camus tentou fazer pelo Hyoga, me fazer ver que estava preso naqueles jogos, naquele sentimento.

Eu mesmo me prendi numa esquife de gelo que nenhum cavaleiro de ouro podia destruir, nem mesmo meu pai. Mas como disse ele nunca mostrou ódio, pois quando fazia encontros de games aqui em casa ele tratou super bem meus amigos, servia batatas em óleo que ele mesmo fazia e até permitiu uma banda, a Smash Bros, toca-se suas músicas na minha garagem, mesmo depois eu gravava o discórdia e ele dava a volta na casa para não atrapalhar, por quê só agora eu percebo isso?

Meu pai em seu golzinho inesquecível pra mim

Eu não quero me delongar demais, acho que consegui chegar ao ponto que queria, deixando claro meus sentimentos e quebrando a esquife de gelo que eu mesmo me coloquei. Acredito que eu sai do gelo já faz algum tempo e percebi o quanto foi ruim me prender a certos sentimentos, aproveitar mais outras aspectos da vida e não deixar o passado me prender em algo que no final não faz jus a quem sou. Então meus amigos, reflitam sobre a esquife de gelo em que vocês vivem, será que realmente vale a pena esperar alguém virar cortar o gelo para você? Cuidado hein, o Shun pode estar te esperando para te dar aquele abraço, mas tirando a péssima piada, acho que cabe a cada um saber o quão dentro do gelo está.

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