No universo gamer o Brasil tem uma particularidade que é vista lá fora com muita curiosidade e que alguns de nós vivemos isso com bastante intensidade. Mas o que seria tão curioso e interessante para quem não mora aqui, nosso mercado, na década de 80 era insignificante para os padrões da indústria atual, mas a criatividade e o jeitinho brasileiro tornaram isso possível e a engrenagem que começou a mover tudo isso foi o dos clones… Sim, devido a política que regia aqui na época, nenhuma empresa estrangeira poderia lançar seus produtos sem ter uma empresa nacional que a representa-se, essa era a famosa lei de “reserva de mercado” que engessou o Brasil por anos, tendo em vista que era para proteger o mercado nacional, mas tirando a chance de qualquer novidade adentrar nosso país, algo arcaico visto hoje.

Reserva de mercado e o prejuízo ao consumidor da época

Mas a genialidade de alguns fez com que fosse usado um recurso de engenharia reserva aonde os consoles originais eram minuciosamente desmontados e com isso, poderiam saber quais peças estavam sendo usadas e ser criados seus clones, com peças mais baratos e similares e importadas da China. Mas os consoles clones tinham uma boa qualidade? Claro que para responder isso existe uma série de fatores que devem ser levantados antes de uma conclusão final. Os consoles clones em questão tinham até uma boa qualidade e possuíam características que poderiam superam a sua versão oficial. E pode acreditar existem diversos consoles que tinham qualidades extras em relações as suas versões originais. Mais dentro disso também temos que verificar se a manutenção ou resistência do console era boa e isso era algo que muitos pecavam e ainda pecam até hoje.
Esse era o sonho de muitos na época

O Brasil foi solo fértil para os clones e uma enxurrada de clones do FAMICOM (Family Computer), que hoje são chamados de FAMICLONES e até hoje são encontrados com facilidade no mercado paralelo e de usados. Esses usavam o padrão de 60 pinos, mas começou a pipocar vários jogos de sua contra parte americana o NES ( Nintendo Entertainment System) e esses era feitos para o padrão 72 pinos, fazendo surgir vários adaptadores e também as próprias empresas passaram a colocar os dois padrões de cartucho em seus consoles para que dessa forma, quem compra-se tivesse mais possibilidades de jogos e claro isso foi um sucesso. Isso me faz lembrar do TOP GAME um console da CCE, que dispunha dessa facilidade.

O único com DOUBLE SYSTEM

Se não me engano não temos mais nenhuma empresa daqueles dias vendendo mais seus consoles atualmente, a DYNACOM foi uma das últimas e ela encerrou suas atividades em 2011, mas ainda encontramos vários clones alguns deles são o MEGA GAMES e o famoso POLYSTATION em sua versão PLAYSTATION 3 mais vamos focar no passado. Existe um fator que marca muito as pessoas que viveram a época, muitos jogadores em sua infância e adolescência possuíam tais consoles e para eles ficou aquela saudade depositada nesses clones. Durante as décadas de 80 e 90 esses consoles eram a única forma de muitos apreciarem os videogames e seus jogos então eles acabam tendo uma tremenda importância, mesmo sendo uma bela gambiarra que GRADIENTE, CCE e outras empresas faziam naquela época.

Esse é o clássico, tinha a rodo na Pagé

Quando algumas empresas passaram a ter sua representação oficial, muitos dos engenheiros e responsáveis por criar esses consoles clones, foram questionados e até elogiados, eu vi isso na minha breve passagem pela PLAYTRONIC, conversando com o Eduardo Trivella, que me contava que o pessoal das antigas ficava meio envergonhada, mas o pessoal da Nintendo queria entender como fizeram tudo aquilo, algo que menos sendo considerado um crime, deixava uma curiosidade na cabeça de quem vinha de fora. E não podemos esquecer, um dos primeiros consoles a ter representação oficial no Brasil foi o ATARI e a POLIVOX que fazia essa trabalho, mesmo sendo uma ramificação da GRADIENTE, ela fez um excelente trabalho aqui no país.

Esse foi o primeiro console a ter representação nacional

Eu nunca quis um console da Nintendo quando era moleque, então tive pouco contato com esses consoles e depois que passei a colecionar, mesmo lá em meados de 1992, eu só fui atrás dos consoles que me importavam, e isso foi tranquilo pois o mercado já tinha sido aberto para NINTENDO, SNK e outras empresas que proporcionaram uma facilidade em achar todos os consoles originais. Eu sempre me mostrei contra esses consoles, devido as experiências ruins com os colegas da escola na época do ginásio, mais percebo hoje a real importância de todos eles. O melhor e saber que em outros países tudo isso que parecia tão normal aqui é visto até hoje como algo fora da curva e diferenciado, mostrando que mesmo o Brasil estando fora do mercado no princípio, demos um jeito de ter acesso e jogar para construir o que hoje é um dos mercados de maior destaque no mundo.

LEAVE A REPLY

Please enter your comment!
Please enter your name here