No começo do ano de 1992 fui subitamente acordado pelo meu pai, ele esbravejava para que eu acorda-se logo pois estava atrasado para o inicio da minha aula. E olha que o colégio e na frente de casa e lá fui eu para passar mais um dia tediante no 1º Colegial que eu havia repetido, nisso começaram as cobranças em casa, meu pai sempre foi severo e exigia que eu arruma-se um emprego.
A situação em casa não era das melhores, minha mãe estava sofrendo de um câncer que a consumia desde 89, então os meses passaram rápido demais, vendo ela ir fazer as quimioterapias e vê-la definhando fez meus dias se encurtarem, quando me dei conta já era quase final do ano quando meu pai chega gritando: “Olha o que achei aqui no jornal!”.
E o anuncio dizia que precisavam de jovens com 16 anos ou mais para jogar videogames. Isso mesmo!!! Uma vida de jogatina em fliperamas, casa de primos e claro em casa mesmo com meu Master System e Mega Drive, me deixaram empolgado com isso e falei ao meu pai que iria. Porém no dia que liguei e confirmei minha presença, fiquei com aquela sensação que todos sentem ao chegar no primeiro dia na escola. Novos colegas, novos professores, como será? A famosa pressão que um adolescente sente ao ser colocado em uma situação nova.
Lembro como se fosse hoje, pegando o metrô pela 4 ou 5 vez e indo até a estação Armênia do metrô, e chegando lá me dirigi até o endereço, acabei contando a um amigo sobre essa incrível oportunidade e obviamente ele foi junto, claro que ligamos deixando o nome e marcamos um horário para a entrevista. E lá estávamos diante de um portãozinho, aonde hoje e recheado de travestis. Bem, voltando ao emprego, fomos atendidos por uma senhora, que começou questionando aonde morávamos e perguntando o que geralmente numa entrevista se pergunta. E claro individualmente fomos chamados e entrevistados e lembro de algumas perguntas que me deixaram muito feliz.
“Você gosta de videogames?”
”Você conhece quais empresas?”
E claro fui dizendo tudo que conhecia e gostava, claro que para alguém de 16 anos que fazia isso praticamente o dia todo, foi fácil deixar a impressão que entendia do assunto. Terminada a entrevista, eles agradeceram a presença e ficaram de ligar em outro dia para nos avisar se teríamos a chance de voltar e passar para a próxima fase. No mesmo dia, antes mesmo de chegar em casa, já haviam deixado um recado com minha avó, e retornei a ligação e BUM, no outro dia era para eu comparecer no mesmo endereço pois havia passado na primeira fase. Porém ao ligar para meu amigo, descubro que ele não teve a mesma sorte.
Indo dormir naquela empolgação, imaginando do que se tratava, visualizei milhares de possibilidades, um trabalho na TEC TOY ou numa grande revista jogando jogos e testando os lançamentos antes de todos, claro que quando se tem 16 anos, sua expectativas nunca será atendida assim tão fácil, e cá vamos nós, acordando bem cedo para me ajeitar, percebo que está na hora de partir para essa empreitada, pois pelo que a recrutadora disse, teríamos que ir até o local da entrevista e de lá seguir para o bairro Chácara Santo Antônio.
Chegando ao local, mais jovem da minha idade se encontravam já esperando a hora de partir, tudo pronto e todos confirmados, seguimos até a estação de metrô mais próxima (Armênia) e de lá fomos até a Sê, saímos da estação e pegamos um ônibus que nos levaria no endereço aonde saberíamos quem seria o nosso contratante. Olhando pelo vidro do ônibus em meus sonhos juvenis, me vi debulhando jogos, e ganhando prêmios e fazendo o que muitos queriam, ganhar uns trocos fazendo o que ama, JOGAR VIDEOGAME.
Muito bem, descendo no ponto próximo a empresa, noto de longe que se tratava da Gradiente e ai já imaginei muitas coisas, mais nunca o que estaria por vir. Passamos por um checagem, foi pedido os documentos e crachás foram entregues para adentramos o prédio. E lá estou eu todo empolgando seguindo por alguns corredores que me deparo com uma imagem gigantesca do personagem que mais odeio no mundo todo. MARIO!!!
Puta que o pariu, eu estava na porra da NINTENDO, comecei a ver milhares de cartuchos, cartazes e pôsteres do maldito encanador me encarando e com aquele sorriso de merda dele. E pensei: ”Eu tenho que sair daqui Como fui me meter numa roubada dessa!” Para quem não sabe nessa idade eu era SEGUISTA roxo e odiava tudo que era referente a Nintendo, já expliquei em outras matérias os tipos de colegas que eu tinha que me segregavam por ter consoles da SEGA, então não me julguem tão cedo, pois no final, existirá grandes reviravoltas. Percebi que nesse meu pequeno pesadelo já havia começado uma breve palestra do papel que desempenharíamos dentro da Playtronic a junção da Estrela e Gradiente que passaram a ser representante oficial da Nintendo no Brasil.
Estar no coração da sua maior rival, a Nintendo! E como eu relatava, ao ver o pôster gigante do Mario, sabia que havia metido os pés pelas mãos e já era tarde para desistir. Me pus a ouvir e ver aquilo que eles chamaram de treinamento. Para começar, chegou um cara que se apresentou e pediu para que cada um fizesse o mesmo e também falasse de suas experiências com videogames. Claro que, na minha vez, eu banquei o esperto e disse que conhecia os consoles da Nintendo e que havia jogado, mas não disse nada sobre meu amor pela sua rival. No ninho das cobras, é melhor aprender a rastejar rapidamente para sair vivo, então me pus a ouvir o que todos expunham, mas identifiquei logo que muitos ali eram o que hoje muitos chamam de jogadores casuais.
Ao terminar o lenga-lenga, fomos levados a uma sala para a exibição de um vídeo e, claro, para mim aquilo era uma maldita lavagem cerebral para que aquele bando de tontos vestissem a camisa da Nintendo. E lembro como se fosse agora que em uma parte do vídeo eles atacavam o SEGA CD, dizendo que ninguém aguardaria 3 segundos para jogar de uma fase para outra e coisas grotescas, querendo comparar um console de 88 com um de 91. Sinceramente, naquele dia fiquei nauseado com tamanha bobagem; mas fiquei firme, ouvindo e aceitando tudo, mas só por fora; por dentro eu gritava “SEGA!”, hahaha.
Terminado o filme, voltamos para a sala onde havíamos nos apresentado, e lá haviam sido colocados agora dezenas de consoles da Nintendo. NES e SNES por toda parte e diversos jogos de franquias mais que conhecidas figuravam na tela de cada televisor. Mario Bros, Zelda, Pilot Wings, Vegas Stakes e muitos outros que foram lançados junto com a chegada da Playtronic no mercado nacional. E o mesmo entrevistador me solta uma pérola que, mesmo eu sendo um hater da Nintendo na época, não pude me calar. O cara me diz em alto e bom som:
“SUPER MARIO WOLRD TEM 99 FASES!!!”
Putz!!! Como é que alguém que trabalha na Nintendo não sabe o que um cara que odeia ela sabe?! Super Mario World tem 96 fases apenas, lembrando que eu lia muitas, mas muitas revistas de videogame, então era óbvio que eu já havia visto essa informação vital e, se alguns aqui me conhecem mais particularmente, já imaginam o que fiz: comprei uma briga, hahaha. Fui logo falando:
“PERAÍ, SUPER MARIO WORLD TEM APENAS 96 FASES!”
Óbvio que o entrevistador não gostou de ser questionado e veio debater comigo, claro que retruquei tudo o que ele falava, dizendo que em revistas especializadas e, não só nelas, mas em diversas locadoras, já havia visto cartuchos com o save game do Super Mario World com as 96 fases e uma estrela indicando que haviam feito tudo. E ele teimando, até que o obriguei a ir caçar a informação. Já que estávamos dentro da Nintendo, alguém ali poderia nos dar a confirmação. E não deu outra: lá foi ele perguntar pra alguém, hahaha.
Voltou com um cara de tacho e me disse:
“REALMENTE, VOCÊ ESTAVA CERTO!”
Putz, esse dia pra mim foi memorável, ainda mais porque um gerente, que não me recordo o nome, ficou rindo ao ver a cena. Mesmo não sendo fã, tive que pelo menos corrigir o erro infeliz do amigo ali e, claro, depois desse debate, me pus a jogar alguns jogos. Um que me chamou atenção foi o Sim City, que inicialmente não entendi bulhufas, mas algo me prendeu a atenção nele. Joguei Pilots Wings que, me desculpem, o efeito do MODE 7 ainda muito recente pra mim era feio demais, quadriculado demais. Não sei como a maioria defendia algo tão grotesco.
Mas o F-Zero eu realmente fiquei boquiaberto: gostei bastante da sensação de velocidade e a questão do MODE 7 dar efeitos bem bacanas. Mas se tem algo que nunca gostei em jogos de corrida da geração 16 bits é que geralmente os carros estão fixos no centro da tela, enquanto o que se movimenta é a estrada. Odiava isso nos jogos. Me sentia dirigindo a rua, não o possante.
Voltando ao que importa: depois de 1 hora de jogatina e revezamento nos consoles, nos reunimos de novo para falar sobre o que faríamos pela Nintendo e o nome do cargo era:
DEMONSTRADOR DE JOGOS
Caraca, eu ia ser pago para ficar jogando jogos em lojas com estandes da Playtronic, podendo abrir os jogos e colocá-los a demonstração para que os clientes notassem a diferença entre a Playtronic e Tec Toy (essa era a parte ruim). Claro, aceitei o desafio. Voltei durante uma semana naquele mesmo local para um treinamento “lavagem cerebral”, onde eles enfiavam na nossa cabeça quantas cores o SNES tinha a mais que o MEGA DRIVE, quantidade daquilo ou disso. Fizemos uma prova no final. Passei com louvor e já recebendo carta branca para começar no dia 10 de Novembro de 1992.
Eu trabalharia com um contrato temporário de 90 dias e precisaria ficar 90 dias sem trabalhar depois; provavelmente para não criar vínculo empregativo. Não sei se as leis trabalhistas continuam assim, mas no final trabalhei por quase dois anos; às vezes com contrato e em outras sem, mas trabalhei direto em várias lojas e, é claro, tenho que começar pela primeira loja que trabalhei: D. B. Brinquedos, o Supermercado da Criança. Eu fui colocado numa loja perto de minha residência. Por morar no Ipiranga, a loja mais próxima era a D.B. Brinquedos, que ficava localizada na Av. do Cursino. Hoje, ela virou um hortifruti e não consegui nenhuma foto do local e nem do logo. Acredito que, pelo fato da empresa ter falido, tudo referente ao seu nome foi destruído ou não pode ser usado. Mas vamos lá: recebi duas blusas e um boné com o logo da Playtronic e com o Mario estampados em sua frente, e me foi dito os horários que poderia trabalhar. Escolhi à tarde por estudar de manhã.
Em meu primeiro dia, meu pai me levou até o local, me deixando 15 minutos antes do horário de entrada. E falo a verdade a vocês, meus amigos: estava bem nervoso e, ao andar até a entrada do loja, que era gigante, me defronto com um segurança de 2 metros de altura (bem, era o que parecia pra mim, na época) me perguntando o que eu desejava, já que estava inseguro ali diante da entrada. Respondi que começaria a trabalhar na loja a partir daquele dia e a gerente já se aproximou, com uma das entrevistadoras da empresa me recepcionando. Peço desculpas, pessoal, mas não lembro do nome de quase ninguém das lojas. Não que eu não me importasse com as pessoas, mas na época minha mãe estava falecendo diante de um câncer, então minha cabeça viajava alto, tanto que esse emprego foi ótimo para que eu saísse de casa um pouco e não vivesse mais aquela dor que estava vivendo.
Bem, a gerente me apresentou à loja e me mostrou onde eu ficaria. Era um canto bem iluminado e ainda não haviam recebido o rack com a TV para que eu demonstrasse os jogos do Super Nintendo, mas já haviam selecionado o local. Ao lado, havia uma vitrine bem grande, onde eu poderia colocar e fazer a arrumação dos cartuchos e consoles da Nintendo. Claro que o estande da TEC TOY já estava lá e lembro que o jogo que estava rodando era o Sonic. E uma mocinha fazia a minha função, só que pela SEGA. Fiquei ali, próximo a ela, e a gerente me mostrou onde estava a chave do armário onde ficavam os cartuchos e consoles, e já fui arrumando a parte da vitrine destinada à Nintendo.
E, claro, me coloquei a fazer minha função. A entrevistadora da empresa que me contratou me deixou alguns materiais promocionais da Nintendo e, claro, usei-os para mostrar os produtos que ali estavam. Diferentemente do treinamento, onde apenas jogamos, comecei a empilhar os cartuchos, colocar os materiais e, claro, notei que a menina da TEC TOY logo foi embora. Naquela época, a nossa representante da SEGA já era mais que difundida no Brasil, então não necessitavam de alguém o dia todo ali. Então me pus a jogar o console do coração. E não só isso, nesse canto onde fiquei, existia um lugar onde os funcionários da loja faziam embrulhos e notei que existia uma pasta enorme. Olhando mais de perto, eu encontro isso:
Centenas de encartes de jogos da TEC TOY. Claro que perguntei à gerente se podia pegar alguns e ela permitiu. Claro que peguei de todos os jogos que eu mais gostava (que erro meu) e não foi só isso; algum tempo depois, a gerente me chamou lá no fundo da loja e me mostrou uma caixa com centenas de caixinhas de cartuchos vazias e não deu outra: peguei tudo também. Mas houve algo muito marcante em trabalhar nessa loja: o segurança, que no primeiro momento me deixou em choque, se tornou um tipo de amigão e sempre colava ao lado dele para ouvir histórias, já que ele tinha sido um policial civil e estava aposentado fazendo um trampo ali na loja. Não eram só histórias. Vivi algumas coisas ali na loja: crianças e trombadinhas tentando furtar lá e esse segurança era ligeiro: ele já sentia quem ia fazer algo.
Seu nome era João e eu o chamava de Sr. João. Então passei metade do tempo jogando e metade do tempo conversando com esse segurança, que contava e falava coisas divertidas demais. Ele me falava que o negócio era sair com mulher feia, pois essas fazem de tudo, enquanto as bonitas querem que você pague não sei o quê, faça isso ou faça aquilo. Tinha que investir mais e ele tinha razão, hahaha. Mas o detalhe é que, inicialmente, ele ficava muito de olho no que eu fazia, pois vivia abrindo o armário onde estavam os jogos para trocá-los e isso fiz demais, ainda mais porque demorou um mês para a Playtronic mandar a TV e o console para minha demonstração, por isso vivia jogando no Mega Drive. Joguei lançamentos antes de muitos, aposto, já que a D.B Brinquedos recebia em primeira mão esse tipo de cartucho. E mais um detalhe: meu horário era das 14:00 às 18:30, mas eu só saía de lá quando a loja fechava, às 21:00. Nem dava vontade de ir embora, devido aos papos não só com o segurança, mas com todos os funcionários e a gerente, que eram super bacanas comigo.
Naqueles dias, minha mãe estava falecendo devido ao câncer, então fiquei um pouco abalado e, um dia, a gerente me perguntou o que acontecia comigo e eu contei a ela. Talvez isso tenha me dado um pouco mais de liberdade dentro da loja, pois era visível a minha dor. Mas não ficava me lamentando: jogava e vendia os produtos da Nintendo, claro que jogando SEGA sem parar. E deixa eu contar algo que me aconteceu por lá: no natal de 92, trabalhando nessa loja, chegou um tiozão querendo comprar um SNES para seu filho e, como planejado, fiz a propaganda, falei das cores e dos jogos, mostrei o Star Fox e ele ficou de voltar no outro dia. Ele voltou decidido a comprar o console e me perguntou: “Rapaz, esse videogame é o melhor mesmo? Qual a sua opinião?” E aí, meus amigos, eu falei do Mega Drive e falei do Sonic; Road Rash; falei que por menos cores que tivesse, ele tinha uma base mais sólida no Brasil (Tec Toy); que ele ia achar mais jogos; que tinha o SEGA CD e outras coisas, hahaha.
E o tiozão comprou o Mega Drive e levou cinco jogos que recomendei. Sei lá se o filho dele gostou, mas ele não voltou para reclamar ou coisa do tipo. Foi a primeira e única vez que fiz isso na Playtronic: vendi o concorrente, hahaha. E toda vez que vinha o pessoal da TecToy, eu vivia pedindo para trabalhar lá, mas o maluco não acreditava! Me chamavam de Nintendista. Cara, que ódio! E um detalhe: eu trabalhei em outras diversas lojas e nessa passei boa parte da minha história na Playtronic, tanto que essa loja chegou a fechar e foi reaberta no Shopping Plaza Sul, onde também trabalhei e tirei essa foto com meu ídolo da SEGA.
Uma outra loja que trabalhei, que continua no mercado até hoje, foi a Ri Happy Brinquedos. A loja em que trabalhei ficava localizada na Rua Domingos de Morais. Acredito que ainda tenha a loja lá, mas ela mudou de prédio. Foi breve a minha estadia por lá: as vendedoras não estavam nem aí para os consoles. Nunca foi o foco da loja vender consoles e o povo era muito seco: queriam que eu trabalhasse como se fosse um vendedor, mas eu não ganhava comissão, então adivinha? Eu não fazia nada a não o ser meu trabalho: “Jogar videogame”. E pior, me acusaram de roubar um cartucho lá na loja, sendo que eu e o segurança éramos os únicos que tínhamos acesso ao armário com os jogos. E o pessoal da Playtronic me remanejou para a D.B. novamente, onde fiquei até mudar para uma loja nas proximidades da Loja Nipon, muito conhecida aqui na região.
Lá eu fiquei um bom tempo e cheguei até a pegar amizade com o dono e, meus amigos, a filha dele era lindíssima! O nome da loja já deve dizer a vocês que se trata de uma loja nipônica, onde vários japoneses e japonesas trabalhavam. E para mim era o paraíso: sempre fui louco pela cultura japonesa, então tudo que falava de anime e jogos ali era compreendido facilmente. A loja era bem movimentada e continua sendo bem visitada, vendendo vários itens, mas eles deixaram de vender eletrônicos. Nessa loja eu fiquei mais de boa. O pessoal era legal, mas não peguei amizades fortes como na D.B. Brinquedos, que todo dia que saía da Nipon, ia pra lá conversar com o segurança e dar uma força nas vendas de consoles.
Depois, fui enviado para uma loja na Rua Augusta. A loja era a RPS Informática, onde a Playtronic tinha um estande enorme e eu não ficava sozinho ali. Eu trabalhei com uma demonstradora que se chamava Valéria e prometi para mim mesmo que jamais ia esquecê-la. Claro que, se você pensar um pouco, envolve o coração aí. Isso mesmo: durante meu trampo lá na Playtronic, rolou um amor platônico com essa garota, onde nunca tive a chance de dizer o que sentia. Mas antes de falar disso, deixe-me complementar algo: essa loja ficava na frente do Teatro Procópio Ferreira; para quem pensou que eu estava no antro da putaria, errou! Eu ficava no lado sentido Jardins, onde só tinha loja de granfa. E nessa loja, fiz algumas alterações, tanto nas máquinas quanto na vitrine, o que me proporcionou uma chance depois na Playtronic.
Mas voltando ao amor platônico, eu realmente vivi isso e foi uma merda. Ela era uma pessoa muito bacana: gostava de games e vivia de papo furado comigo. Cheguei a almoçar com ela certa vez e foi muito legal. Nesse estande também ficava um funcionário da loja que nos ajudava com as vendas e com tudo mais. Lembro até hoje quando chegou o jogo de SNES, Super Metroid, e pa, que jogão! Ela ficava assistindo e me dava apoio moral para continuar; e olha que cheguei ao final sem revista. Mas na ocasião, chegou um moleque que primeiro ficou me enchendo o saco e, depois, quando cheguei em Tourian, ele me falou o final antes de eu fazê-lo. Nossa, que raiva! Não mandei ele à merda porque o pai dele estava lá e era enorme, hahaha. Mas foi uma raiva tremenda.
Lembro que isso foi numa sexta e o carinha da loja e ela sacaram que eu fiquei puto com o moleque me caguetando o final do jogo e me zoaram. No sábado, a gente trabalhava também e levei uma rosa vermelha para ela. Tanto eu quanto ela ficamos sem o que dizer um ao outro. Sei lá, ela ficou toda vermelha e o carinha zoando forte, hahaha. Eu, bobão e tímido como sempre fui, não consegui dizer nada, mas me decidi que na segunda-feira falaria algo, sei lá. E aí, o que aconteceu? Cheguei lá, e cadê a Valéria…? Nada dela chegar na hora. Depois de uma hora, chega um cara com a camisa e boné da Playtronic e me diz: “Olá, meu nome é Felipe e tô aqui para substituir a Valéria”. Caraca, meus amigos, foi uma bomba! Apresentei a loja pro cara calmamente, mostrei onde ficavam os jogos e tudo mais, e depois pedi licença e fui ao banheiro chorar um pouco. É, no fundo, bate um coração aqui dentro, hahaha.
E tem mais um detalhe: graças à minha primeira namorada, que era uma ciumenta de bosta, que lembrarei sempre dessa garota, já que ela rasgou a foto aonde ela aparecia. E pior: homens, não sejam sinceros com as mulheres. Falei por que tinha essa foto e a cachorrona foi lá e rasgou a foto, somente aonde o rosto da garota aparecia, ou seja, pura idiotice. Voltando às lojas e Playtronic, na metade do ano de 1993, a Playtronic me colocou numa loja no Shopping Morumbi, mas não era uma loja de brinquedos, era um espaço dentro do Shopping aonde ela colocou diversos consoles com jogos, lançamentos e clássicos. Claro que, na época, o Shopping Morumbi era referência para o pessoal com grana e até hoje continua sendo. Então, foi uma jogada de marketing mestre.
Bem, eu fiquei lá junto com mais alguns demonstradores, onde nós é que fazíamos as regras e era estipulado um tempo para quem entrava nesse espaço: cinco minutos era o que cada pessoa tinha para desfrutar dos jogos da Nintendo, e vos digo com toda sinceridade: faziam fila na porta, pois deixávamos um grupo entrar e, assim que dava o tempo, desligávamos tudo e fazíamos entrar uma galerinha para jogar. Assim ia até o encerramento do expediente. Tínhamos à disposição 50 jogos e todos os lançamentos eram imediatamente mandados ou eu ia buscar lá na sede da Playtronic. Tínhamos 10 consoles, todos com TVs de 29 polegadas e uma que era um tipo de telão na época: uma TV de 34 polegadas, aonde eu costumava defenestrar o Star Fox. Essa TV ficava do lado de fora da loja, então quando eu jogava, eu parava o Shopping, ainda mais porque fazia 100% em todas as telas, não importando o nível que eu escolhesse.
E aconteceu algo muito bacana: durante meus serviços nessa loja, um cara chegou um dia lá e começou a jogar. Claro que eu era um dos cabeças lá e ele me chamou de canto e falou o seguinte: “Qual o seu nome, amigo? Olha, sou gerente ali no McDonald’s e estou em meu horário de almoço. Me deixa jogar aqui por uma hora que te descolo uns lanches depois.” Não pensei nem duas vezes: deixei o cara debulhar em uma máquina que ficava num cantinho ali e avisei a ele que se quisesse mudar o jogo, era só me avisar. E não deu outra: num sábado, chamei um primo meu para ficar jogando lá de boa e falei para ele: “Vamos lá no Mc Donald’s que conheço o gerente. Ele me disse que ia descolar uns lanches.” Meu primo concordou e fomos lá, esperando pegar um Big Mac ou algo do tipo. E vi o cara lá. Ele veio até mim e disse: “Vai ali naquele caixa e pede um refrigerante pequeno e deixa o resto comigo.”
Pronto. Fui lá com meu primo, pedi uma Coca pequena apenas e o cara me deu um dos maiores pacotes que já vi do Mc Donald’s: tinha cinco Big Mac’s, cinco Quarteirões com Queijo, dois Mc Fish’s e dois sundaes. Caraca, meus amigos, comi como um porco e ainda ofereci aos outros demonstradores, que ficaram mais ainda ao meu lado nas decisões dessa lojinha. E detalhe: fiz umas mudanças e organizei de outras formas, o que chamou a atenção da Playtronic, que me levou a outros cargos lá dentro, como participar da UD do ano de 1994 lá no Anhembi e ganhar o poder de ir às lojas e mudar as vitrines e fazer arrumações com os outros demonstradores. Além de dar uma treinada no povo novo, mas isso foi breve.
Logo me despacharam para o Shopping Morumbi novamente, mas agora trabalhando na loja Brinquedos Laura, onde fiquei um curto período de tempo, mas que foi muito bacana. Durante o lançamento do jogo Donkey Kong, eu fui um dos caras escolhidos para fazer uma brincadeira lá no Shopping, onde alguns caçadores perseguiam um cara vestido de macaco. Adivinha quem era o macaco? EU!!! Hahaha. No final, nem paguei mico, pois como estava de máscara, ninguém sabia quem eu era. E detalhe: falei pro pessoal que essa ideia não tinha nada a ver com o jogo, mas ninguém me deu ouvidos. E querendo ou não, chamou a atenção pra caramba lá no Shopping. Depois, na loja em que ficava, juntou umas 15 pessoas que compraram o jogo sem fazer muitas perguntas.
Voltando um pouco a fita, vire e mexe eu precisava ir até a central da Playtronic, lá na Chácara Santo Antônio, para saber das novidades, pegar material promocional para as vitrines e receber informações sobre lançamentos e o que estava por vir. Naquela época, celular e internet ainda não eram uma opção para esse tipo de tarefa, mas eu não reclamava. A viagem era longa, mas eu ficava contente em ser chamado lá. Fiquei sabendo que eram poucos os demonstradores que iam lá, pois esses acabavam sendo influentes em suas lojas, então, já ia me achando importante, hahaha.
Mas na verdade, eu só fiquei conhecido lá na Playtronic pelo fato de corrigir o amigo que falou que o Super Mario World tinha 99 fases e depois um segundo fato: em 1993 foi anunciado o lançamento de Mortal Kombat e Aladdin para o SNES e bastava ver qualquer revista para ver imagens e notícias sobre ambos os jogos. Lembrando que entrei no final do ano de 1992 na Playtronic e um ano já havia se passado. Estava mais por dentro dos jogos que muitos caras lá dentro e em uma de minhas visitas à Central, encontro quem? O mesmo cara que falou a asneira do Super Mario World, falando dos lançamentos e explicando para os demonstradores novas regras que seriam adotadas.
Não me lembro exatamente o que era, mas era algo sobre uniforme e postura dentro das lojas. Nesse ponto eu sempre usei o boné e a camiseta da Playtronic, então não era um problema para mim. Eles deram duas camisetas tamanho G e um boné. Infelizmente, o boné se perdeu e só me sobrou uma camiseta, mas se bobear, tenho um boné roxo da Nintendo que ganhei na UD, durante a feira em 1993. Voltando ao que interessa, novamente nosso amigo que se dizia instrutor marcou toca. Perguntei: “Quando serão lançados os jogos Aladdin e Mortal Kombat?”
Isso foi em Agosto e falei que esses jogos já haviam sido lançados no Japão e que já havia visto cópias piratas em algumas locadoras e que seria muito bom ter uma previsão de chegada no mercado e aí o cara riu. Disso que eu estava louco, que o que eu vi era falso, que não saiu MK pro SNES e não havia previsão; que Aladdin era outro exemplo, que eu já quis corrigi-lo anteriormente, mas agora eu tava forçando. Bem, sem ter muito com o que argumentar, deixei quieto e fui trabalhar. Dois meses se passaram, e uma semana antes do dia das crianças o que eu encontro ao chegar na loja? Caixas e mais caixas de Mortal Kombat e Aladdin. Putz, fiquei uma arara e torci para que depois do dia das crianças eles me chamassem para a Central. Nem esperei muito e já me ligaram. Fui babando e já rindo no busão.
Cheguei lá e eles passaram o novo material. Eu pedi para chamar o jão que dava os treinamentos. Ele me viu, já arregalou os olhos e disse num tom, no mínimo, ameaçador: “Vem cá, cola aqui no estande um minutinho, faz o favor”. E lá veio ele com cara de tacho e perguntei: “Que jogos são esses aqui? Esse dois aqui, ó?”. Ele, com cara de bunda, respondeu: “Aladdin e Mortal Kombat”, e sem me segurar, soltei: “Na próxima vez que eu falar que tem um jogo, você não fala nada! Aposto que nunca comprou uma revista nem nunca jogou um jogo sequer. Se eu trabalhasse aqui, garanto que ia saber mais que vocês e muitos outros!”.
Sem eu perceber, juntou muita gente da Nintendo e Playtronic vendo eu bancar o louco e um tiozão, que tava sempre engravatado e de terno, tava chorando de rir e falava: “Vai lá, alemão! Ensina esse maluco aí!”. Fiquei sabendo depois que já era famoso ali dentro por ter discutido com o indivíduo lá e depois dessa não deu outra: um povo colou ali do lado para ver. E caramba, nunca fui bom para confrontar pessoas, mas quando envolve jogos, caramba, eu fico invencível como o Sonic (mesmo estando na Nintendo, hahaha). Claro que, assim que o cara saiu fora, esse gerente ou administrador (não lembro o nome e nem o cargo) me chamou e disse: “Você não quer dar uma mão nas lojas e fazer umas vitrines?”.
Bem, nem preciso dizer que topei. Então, a partir daquele dia, eu também tinha carta branca para dar uma arrumada nas vitrines e posicionar os racks, além de sugerir mudanças na loja. Tudo isso rolou diversas vezes em várias lojas que trabalhei. Vocês se lembram de todas elas da última matéria, então foram mais de sete lojas que acabei fazendo vitrines e arrumações nas máquinas para melhorar a visibilidade dos produtos da Playtronic. Claro que vocês lembram da foto rasgada. Essa era uma que mostrava o estande da loja RPS Informática, onde, com alguns ajustes, ficou tão bom que eles começaram a copiar a minha arrumação em outras lojas e até o pessoal da terceirizada que havia me contratado foram lá fotografar e elogiar o trabalho. E aí, começaram a me soltar materiais promocionais como os das fotos que vocês podem ver durante essa matéria. Claro que não minto: surrupiei alguns e pedi esse do Mario. Mesmo não gostando tanto assim do jogo, sei de sua importância e valor para o mundo gamer.
Outro fato importante para mim foi ser chamado para realizar um treinamento junto com o pessoal que ia participar da UD. Para quem não lembra, a Feira de Utilidades Domésticas era um local onde algumas empresas como Tec Toy e Playtronic mostravam seus produtos nessa feira em estandes gigantescos. Eu estive em 92 no estande da Tec Toy e tinha vários jogos de SEGA CD, Game Gear, e o lançamento que abalou todos que passaram por lá: Streets of Rage 2. Claro que pirei e adorei jogar o Road Avenger do SEGA CD, que foi um que fiquei jogando sem parar. Lembro de eu e meu primo sermos expulsos, pois o Anhembi estava fechando e a gente ainda estava lá jogando, hahaha. E depois, em 93, eu ia trabalhar lá, mas no estande acabei só mostrando que tipo de postura as pessoas que iriam ficar lá deveriam ter. Acredito que isso foi graças a minha participação lá na loja do Shopping Morumbi, onde eu praticamente comandava o show! Foi uma pena, mas acredito que esse mini-treinamento que passei deve ter ajudado, pois o estande da Nintendo teve grande fluxo de clientes, já que a disposição dos racks também foi ideia minha. Mas pelo que vi em fotos na época, não seguiram ao pé da letra o que falei.
Continuei executando minhas tarefas como antes, mas com essa liberdade que em todas as lojas eram muito bem-vindas, já que o próprio pessoal da Playtronic avisava nas lojas quando ia chegar material promocional novo e que eu mexeria nas vitrines e no que mais fosse possível. Claro que o pessoal da Tec Toy ficava louco e eu vivia pedindo para ir trampar lá. E eles, principalmente um rapaz que demonstrava os produtos na D.B. Brinquedos, me odiavam, hahaha. Logo eu, o Seguista mais maluco na época, que tinha já uma porrada de cartucho e consoles da Tec Toy. Mas outra oportunidade me apareceu: quando terminou meu contrato em 1994 com a terceirizada, me ligaram e falaram que tinham uma entrevista para mim lá na Central. Falei que topava e marcaram o dia.
Obviamente não me falaram o que era, mas que era uma vaga interna e que ficaria em experiência por 90 dias. Nem quis saber; joguei na oportunidade. Bom, se não me engano, era véspera de feriado e a condução tava meio lotada. Fiquei preocupado com o horário, porque aqueles lados ali de Santo Amaro são complicados, ainda mais à tarde, quando a entrevista foi marcada. Bom, chegando lá, encontrei aquele tiozão saindo e ele me contou que tinha indicado meu nome para essa vaga, porque sabia que gostava de videogame e que cheguei a brigar com um funcionário sobre o assunto. Fiquei feliz e ao mesmo tempo envergonhado, sabe? O cara lembrava de mim talvez pelo motivo errado, mas foi do jeito certo que aconteceu.
Eu usei outra entrada dessa vez. Já que não era mais demonstrador, fui para o setor administrativo e aguardei para ser chamado. Lembro que uma secretária me guiou até uma sala onde havia uma loira muito bonita, que pediu para que eu me sentasse. Ela se apresentou e eu fiz o mesmo. Ela perguntou se eu gostava de games e se os tinha. Claro que, no caso dos consoles da Nintendo, eu menti, pois ainda não tinha nenhum console da eterna rival. Após isso, ela me perguntou se eu sabia inglês. Bem, eu até sabia, mas muito básico na época, pois aprendi com os videogames, como a maioria de vocês que estão lendo essa matéria, hahaha. Logo depois de um pequeno teste escrito, ela me disse que o trabalho se tratava de atendimento ao cliente e eu logo disse: “Power Line?” e ela já disse: “Você conhece?”. Poxa, meus amigos! Que sonho trabalhar num lugar abarrotado de jogos e consoles, onde poderia testá-los e desvendar seus segredos! Mas ledo engano de vocês.
Até tinha alguns consoles e jogos lá, mas tudo era feito através de um PC. Isso mesmo! Por isso o conhecimento em inglês. Todas as dicas já estavam prontas lá da Power Line americana e usaríamos esse computador para procurar e informar os clientes sobre as dicas do jogo em questão. Mas mesmo assim, chegando lá, no primeiro dia, foi muito bacana. O pessoal era animado e me deu uma força com os programas, como um mini-treinamento de um dia. Mas já tinha noção de muita coisa, então não tive muitos problemas em atender clientes cheios de dúvidas e, por sorte, ou melhor, azar, peguei um cliente que queria aprender a pegar todos os corações do jogo “Zelda: A Link To The Past” e lógico que não usei o computador: pedi pro cliente ligar no outro dia e levei minha revista com o detonado e pedi para ele me procurar, pedir para que transferissem para mim e pronto. Ensinei tudo pro cara e o gerente lá pirou, pois todo atendimento tem um TMA (Tempo Médio de Atentimento), e eu já tinha estourado esse tempo, que era de minutos, em horas. Mas a regra lá era a seguinte: enquanto o cliente tiver dúvidas, você tem que ajudá-lo, então mandei bala, meus amigos. Claro que rolava uma jogatina, e eu trampava no horário da tarde, então quando acabava o expediente, sentávamos para jogar algum jogo que tivesse por lá.
Mas infelizmente, eu não fiquei muito tempo. Como mencionei nas matérias passadas, minha mãe estava muito doente. O câncer já a consumia desde 1989 e ela viveria apenas mais um ano. Ela faleceu no dia 18/11/1995. Eu já tinha feito meus dezenove anos e, um ano antes, em 1994, justamente quando estava na Power Line, ela teve uma piora e teve que ser internada, me levando a abandonar esse emprego dos sonhos por estar com a cabeça cheia. Meu pai só se preocupava com que eu tirasse a carta e a maioria dos familiares que aparecia lá todo final de semana sumiram, então foi uma época tensa da minha vida, que me fez tomar decisões e fazer escolhas que não deveria, mas quem pode me culpar, né? Eu mesmo fui responsável pela situação e nem culpo minha mãe e sua doença. Tem muito mais por debaixo dos panos, mas aí não cabe contar para vocês.
Mais lembrar que meu primeiro emprego, logo no primeiro já trabalhar com algo que sempre amei e sempre ouvia o quanto infrutífero, que nunca ia me trazer nada de bom. Mas foi totalmente o inverso, pelo que relatei a todos vocês eu vivi algo único e que talvez não se repita com a mesma frequência numa vida, mais os games só me trouxeram coisas boas. Eu nunca menti que amava a SEGA que só queria saber de consoles dessa empresa e praticamente vivia usando o cabresto que havia colocado devido ao simples fato: “Crianças são más”. Pera lá, do que você ta falando? E simples tropa, quem viveu na mesma época que eu, sabe o quanto era difícil comprar um console eu mesmo ganhei meu primeiro console em 1981 que foi o ATARI 2600, e só fui ganhar o próximo só depois de 10 anos que foi o Master System e isso significava que o console que ganhávamos era o melhor. E batíamos o pé colocando aquilo como melhor do que o dos nossos amigos, por isso que digo às vezes crianças são cruéis, não por que são má criadas ou não receberão educação isso e da natureza humana, se fosse apenas console motivo de comparação e chacota, acho que não teríamos tantas brigas.
Mais o ponto que quero chegar e o seguinte, que trabalhando na empresa que eu via como rival, aprendi que videogames são muito mais do que uma empresa ou uma marca, o que fazia tudo isso especial era exatamente nós jogadores, com as fichas e diferenças, no final todos ganhavam mais claro que não era notado ou percebido dessa forma. O que tornava cada segundo jogando ou falando de jogos e mesmo brigando por eles era o fator humano, claro que desde aquela época sempre houve e sempre haverá os extremistas que não aceitaram e nem darão o braço a torcer o que é uma pena, pois expandindo os horizontes eu cheguei aonde estou hoje.
Tenho amigos em diversos grupos de games alguns que só falam de um certo console da SEGA… hahaha. Outros aonde o SNES e a vedete e outros que trabalham com todos eles. Grandes amizades foram feitas e grandes disputas e brigas, mais só tenho a agradecer essa vivência toda que tive, querendo ou não agradeço a Playtronic pois sem ela, não teria começado minha coleção e, olha que comprei meu SEGA CD, 32X, dezenas de jogos e consegui meu SNES, NES e todos que vieram depois pelo simples fato de ter trabalhado na empresa que um dia odiei com muito fervor e que me fez perceber que não era ela que deveria odiar e sim a atitudes de algumas pessoas que não souberam ou não entenderam que deveriam ampliar seus horizontes.
Acredito que depois de tudo que passei, a perda de uma pessoa extremamente importante na minha vida, que fazia diferença nela. Tanto que lembro que logo que comecei a trabalhar, eu ia todos os dias, mesmo doente cheguei a ir por que sabia que ia ser muito divertido, mais quando o contrato cessava eu ficava três meses em casa e em um dia de semana meu pai veio berrando para que eu acorda-se e lembro de ouvir por trás da porta minha mãe dizendo: “Deixa o menino dormir, quando ele estava trabalhando ele foi trabalhar até doente, se agora ele não está trabalhando deixa ele descansar”. Lembro disso com muito carinho, pois foi uma das coisas mais importantes de se ouvir vindo dela, o quanto ela acreditava em minha pessoa. E meu velho também, um dia ele viu meu holerite e disse: “Caramba você está recebendo mais do que eu, se comparar com meu primeiro emprego”. Não tem como não se orgulhar disso!
Mais eu me orgulho mesmo de ter a oportunidade de dividir tudo isso com vocês, nessa parte final basicamente queria deixar isso claro, o quanto e importante falar isso e contar esses detalhes deixar claro que foi uma transformação, que passei de um SEGUISTA para um GAMER que vi a amplitude de estar ciente de mais jogos e também deixar claro o quanto perdi por ter sido tolo, mais quando criança quem não foi tolo ou fez isso que relato nesse texto. Acredito que poucos tiveram a chance de jogar tudo e no final hoje sou muito mais aberto a novas experiência com games, claro que meu senso critico e outra historia, mais acredito que agora coloco argumentos melhores e não como há alguns anos atrás… LIXO! Que era o que eu dizia quando não conhecia ou não gostava de algo. Então acredito que fico por aqui, obrigado a todos por acompanharem essa minha jornada e espero que em breve vocês voltem para mais nostalgia e experiências que tenho curtido tanto em dividir com vocês.