O título é bem sugestivo e é algo de fácil compreensão. O 3D veio pra ficar, mais ainda há controvérsias, pois muitos títulos que foram pioneiros no 3D na maioria dos casos envelheceram mal, mas tão mal que são praticamente injogáveis. Isso pra quem não lembra da época em que o PSX estourou no Brasil: a quantidade de jogos que eram feitos com a tecnologia 3D era gigantesca. Haviam centenas de títulos, as produtoras aproveitaram os novos motores gráficos e foram fazendo jogos, muitos – como no caso do NES – sem qualidade alguma, aquele BOOM de todo mundo estar querendo fazer uma graninha, além de tentar emplacar algum título no mercado, pois não creio que existia uma disputa para fazer um bom uso dessas novas tecnologias.
E não confundam a tecnologia, não é o 3D que demanda usar um óculos com um lado vermelho e outro azul (claro que hoje nem isso mais é perceptível) e sim os gráficos e a profundidade que os jogos ganharam. Isso mesmo, os jogos traziam cenários que podiam ser explorados, mas e como ficavam as quebras de pixel ou os pulos mirabolantes em que você não sabia quando e no que segurar? Um bom exemplo disso é o jogo TOMB RAIDER, que foi aclamado pela crítica e pelos jogadores, mas a versão do PLAYSTATION pra mim beira o impossível hoje para ser jogada. Claro que a versão do PC ficou bem melhor com texturas que ainda hoje são agradáveis aos olhos, mas a jogabilidade, ainda que avançasse muito em relação aos jogos da geração anterior, hoje, pelo menos pra mim, é horripilante.
Claro que nem tudo era assim, pois acredito que para muitos o TOMB RAIDER seja bem aceitável ainda, mas existiam muitos jogos horríveis, como HELLBOY: ASYLUM SEEKER. Esse é um pedaço de excremento que saiu da DREAMCATCHER INTERACTIVE. Para quem acha que estou sendo injusto com TOMB RAIDER, dê uma jogada nesse jogo e vai notar que ele é mil vezes pior que o jogo da EIDOS. Lembro também de um jogo de luta, KILLING ZONE, da NAXAT SOFT, que trazia um duelo entre criaturas das trevas como um minotauro, um lobisomen, uma múmia e alguns outros personagens, sei lá, numa tentativa de emplacar um figthing game de monstro como DARKSTALKERS, mas falhou miseravelmente.
Lembremos que o primeiro TEKKEN, visto hoje, é no mínimo horrível. Eu mesmo não consigo joga-lo mais, mas a série evoluiu e evoluiu muito, sendo que o TEKKEN 2 e o TEKKEN 3 são reverenciados até hoje como excelentes jogos de luta. A própria SEGA trouxe o VIRTUA FIGHTER, que tem uma jogabilidade ímpar pra época, mas até hoje é lembrado pelo pulo de gravidade zero que matou um pouco o tesão de muitos jogadores, mas também vi a série evoluir muito com o passar do tempo. Mas se nem tudo eram maravilhas no 3D, temos que lembrar do impressionante METAL GEAR SOLID, que pra mim foi um dos divisores de água de toda geração 32 bits e todas as empresas correram atrás de fazer seu MGS.
Talvez alguns de vocês vão torcer o nariz dizendo que estou sendo irracional ou mesmo parcial, pois era o começo de uma nova geração e blá blá blá. Mas eu quero deixar claro: a maioria dos jogos com esse tipo de liberdade nos cenários se tornaram detestáveis para uma grande porção de jogadores, não apenas eu. Infelizmente, como mencionei no início, qualidade não foi um forte dos jogos que abusaram da terceira dimensão no seu começo. Algumas softhouses fizeram jogos incríveis, como a CAPCOM, quando trouxe o survivor horror RESIDENT EVIL e usou de uma técnica muito simples para fazer o jogo bombar. A câmera era fixa, mas o jogo era dava a sensação de liberdade, você podia ir para qualquer lugar e interagir com boa parte do cenário. O que fez muitos fãs, mas, mesmo assim, hoje sua jogabilidade é comparada com a de um tanque de guerra e olha que me agrada até hoje.
Mas havia uma porção de jogos 2D que ainda figuravam no cenário GAMER e que pra mim foram sensacionais, a começar pelo CASTLEVANIA: SYMPHONY OF THE NIGHT – que conheci em primeiro lugar em sua versão japonesa AKUMAJŌ DRACULA X: GEKKA NO YASŌKYOKU – e, meus amigos, cheguei a dormir com o controle na mão. Até hoje ele ainda é proclamado um dos jogos mais bonitos da série e de toda franquia (mamilos). Claro que são muitos jogos a serem mencionados, e outro que me tirou o sono foi ALUNDRA, que tinha um quezinho de LANDSTALKER do Mega Drive, um RPG sensacional e comparável a Zelda e seus melhores jogos. Claro que existiam as franquias de jogos de luta, a CAPCOM com a nova série STREET FIGHTER ZERO fez um grande sucesso e os videogames da época rodavam esses jogos com uma similaridade ao ARCADE, e um dos motivos dos fliperamas no Brasil terem sumido foi essa qualidade.
Não podemos esquecer da série THE KING OF FIGHTERS, que se não me engano teve jogos de 95 até 99 e mesmo os loading times capazes de fazer você lanchar enquanto esperava não impediram que a molecada corresse para pegar um cópia para si. Aí tenho que lembrar do saudoso SATURN, que se utilizou de cartuchos de expansão para reduzir esse tempo e tornar algumas conversões praticamente uma versão caseira dos jogos em si. Vide X-MEN VS STREET FIGHTER e MARVEL SUPER HEROES VS STREET FIGHTER, jogos que não perdiam nada em relação ao ARCADE e tornavam as jogatinas incríveis. E falando desse console incrível, tenho que lembrar de ASTAL, um jogo de plataforma que mescla alguns detalhes em 3D, um tipo de 2,5D e que até hoje eu acho lindo demais, além de ter uma jogabilidade fácil e gostosa. A lista é enorme, muitas produtoras não pararam de investir nesse tipo de jogo e algumas até hoje insistem no 2D.
E você sabe de qual gênero eu estou falando? Sim, os shmups – ou jogos de navinha, para os mais chegados que gostam de se aventurar por mundos cheios de tiros. A lista aqui é enorme, mas lembro de ficar assombrado com DARIUS GAIDEN, que comprei uns três meses antes de adquirir meu PLAYSTATION e ao jogar descobri o quanto esse jogo era incrível. Coletâneas como do jogo RAIDEN PROJECT, que traziam os dois primeiros jogos da série me faziam delirar e, melhor, ele tinha modos de áudio arranged que podiam ser selecionados, além de escolha do monitor e muito mais opções. IN THE HUNT era outro que havia conhecido nos ARCADES e ali estava à minha disposição, o METAL SLUG de navinha… hahaha. Sim, esse começo de geração foi sensacional, fomos apresentados a trocentos tipos de jogos novos, alguns emplacaram e foram melhorando, outros não tiveram uma segunda chance, pois eram terríveis, outros caíram no gosto do público mas se transformaram.
No final a indústria aprende com seus erros, produtores e programadores correm atrás do prejuízo e, claro, sempre acabam trazendo coisas incríveis e grotescas, acho que esse é o grande barato, se não errarem como vão acertar, não é mesmo?