Na minha vida, muitas coisas boas aconteceram na Praia Grande e foi lá que minha paixão por games virou o amor por esses jogos eletrônicos fantásticos. Mas, para começar, tenho que relembrar que meu pai foi um servidor da Prefeitura de São Paulo, diretor de escola e portanto ele tinha acesso a uma colônia de férias que fica localizada no Jardim Real, lá na Praia Grande. E não confunda, não é em Ocian não, onde tem uma rua cheia de colônias, é um bairro meio afastado lá na baixada, mas que conquistou meu pai, que comprou um kitnet em um condomínio que ainda costumamos visitar.
Mas, voltando ao passado, foi ali que comecei a dar umas voltas, mas isso apenas com meus 7, 8 anos de idade. Antes disso, novamente meu tio me levou para aquele lugar mágico que havia visitado anteriormente… O FLIPERAMA. E estava recheado de crianças da minha idade e com aqueles sons que faziam com que a minha atenção – que já não era as melhores – ficasse ainda mais embaralhada. Mas lembro de ver New Rally X, o clássico que havia me conquistado, e tinha outros jogos que nunca tinha visto, como Circus Charlie, encarando a vida do picadeiro na pele de um palhaço atrapalhado. Depois tinha um jogo que nunca fui fã… Track & Field, um jogo de olimpíadas que – sinceramente – nunca joguei sozinho, sempre pedia para alguém balançar o joystick enquanto eu apertava o botão para o atleta realizar a ação.
Quem me dera se o fliperama fosse esse!
Claro que também havia Pole Position, o grande clássico de corrida da NAMCO, em seu gabinete estilo cockpit e Elevator Action, que colocava qualquer jogador dentro de um universo de espionagem, estilo James Bond. Esses jogos me faziam voltar lá todos os dias e – claro – mentir descaradamente que queria um dinheiro para tomar sorvete e no final gastar a grana com fichas (e olha que na época com uns 100 cruzeiros dava pra jogar umas 3 ou 4 fichas). Claro, existiam outros jogos, mas na época, quando um jogo te fisgava, era difícil olhar para o outro lado. Por mais tentador que fosse aquela afobação bem infantil, era ela que me guiava até aquele lugar onde podia sentir um pouco de uma emoção extremamente nova. Pois ao ver um filme eu não tinha controle de nada e naqueles jogos eu fazia toda a diferença, pra mim isso era um sentimento já da época, por incrível que pareça.
E, para detalhar melhor, esse fliperama ficava a um quarteirão da minha casa e ele ficava quase na esquina com a avenida Robert Kennedy, não estou certo sobre essa memória, mas na esquina tinha uma pizzaria, na minha lembrança era a pizzaria Tio Patinhas, mas isso pode ter sido alguns anos depois, então me desculpem, nem tudo é tão claro trinta e poucos anos depois… Mas algo que não esqueço eram os orelhões da TELESP que formavam fila nos finais de ano para que todos pudessem fazer ligações para parentes e é claro, já aproveitava para pedir uns trocos para minha mãe e ficar ali do lado jogando. Ali, o mais bacana era que sorveterias, fliperamas e o comércio em geral ficavam abertos até meia-noite, ainda mais nos feriadões. Mas, como falei, posso estar engando hein… Nada é certo com tantos anos que se passaram… Essa casa lá na Praia Grande foi comprada por volta de 1980, então eu me pergunto: como que eu não vi esse lugar antes, como não notei aquelas máquinas barulhentas e com coisas tão incríveis?
Esses aqui pediam mais fichas que as maquinas que eu jogava
Acredito que isso se deve a um simples fato… eu só conheci o fliperama bem depois dessa casa: meu tio me levou, vocês se lembram? Talvez isso tivesse me feito ignorar aquele local maravilhoso. Mas isso é só o começo, só para colocar quem está lendo no local certo e pelo devido motivo que também me levou lá. Agora vem o melhor, as experiências em si, então aguardem até o mês que vem que a jogatina vai começar.